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Ter presente memórias duras…


Tenho uma dura memória de agosto de 2006, o incêndio na Serra d`Ossa, que se prolongou por vários dias. Confesso que foi um dos momentos mais difíceis no mandato autárquico que exerci. Na verdade, nunca tinha vivido de perto uma situação similar e desses dias retenho experiências inesquecíveis. No combate a este incêndio foi determinante o papel da Proteção Civil, dos bombeiros, da GNR, de militares, de funcionários municipais, da CVP, da rádio local, de empresas e de pessoas…. Afinal todos se juntaram para vencer o incêndio, com uma entrega e generosidade fantásticas. Nunca esquecerei de que, quando se colocou a possibilidade de evacuar a Aldeia da Serra a fabulosa resposta de pessoas anónimas e dos municípios que, numa hora e pouco fizeram chegar viaturas para a eventual dos habitantes da saída da aldeia, o que felizmente nunca chegou a acontecer. Também aprendi que quando é travado o combate a um incêndio, este tem que ser dirigido por quem está habilitado para tal, com uma hierarquia clara, que operacionalize os diversos agentes envolvidos.

Desde então, muita coisa mudou e novas preocupações surgem. Na nossa zona há importantes e variadas áreas florestais potencialmente críticas (Serras de Portel, Monfurado, Ossa, Sousel, S. Mamede). No edifício de Proteção Civil estão no terreno para além dos comandos territoriais, a Força Especial de Bombeiros “Canarinhos”, as corporações de bombeiros (fundamentais no sistema de proteção e socorro), o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS-GNR), que dispõe de meios de intervenção terrestre e aéreo.

A tragédia dos fogos de 2017 tem que ser uma lição para todos envolvendo um compromisso do país e de cada comunidade. Exige também uma atenção especial dos que têm na sociedade têm a responsabilidade de agir e fiscalizar. Antes de tudo a prevenção, com a limpeza das estradas, caminhos e matas que tem que envolver todos. Também essencial o conhecimento aprofundado do território e determinante a existência de documentos estruturantes da ação. O Planeamento Nacional, Regional e Municipal atualizado é um pilar fundamental para as intervenções. O Governo colocou novamente na ordem do dia a importância da limpeza florestal e do comprometimento de todos na prevenção. Foi aprovado um novo diploma sobre a organização no território nacional da proteção civil e está em curso a transferências de competências na área da proteção civil que dá novas responsabilidades aos municípios e às comunidades intermunicipais. Acredito este que foi discutido e consensualizado e relembro que a Primavera está a chegar e com ela o tempo dos incêndios pelo que importa garantir e melhorar as respostas desta área tão complexa e sensível. Não tenho dúvidas de que se há área em que os profissionais da política não devem ser decisores operacionais esta é uma delas.

José Alberto Fateixa

2019.03.10

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