Onde estávamos no 25 de Abril
- Francisco Gs Simões
- 24 de abr. de 2019
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1. Em 1973 a lei permitia o voto para a Assembleia Nacional de todos os cidadãos que soubessem ler e escrever. As mulheres apenas podiam votar para as Freguesias no caso de serem chefes de família tendo de apresentar atestado de idoneidade moral.
Não existia liberdade de expressão, de opinião, de reunião, e existia a censura prévia. Só existia o partido político do regime, existia a polícia política (PIDE) e os opositores eram perseguidos e por vezes presos. Não existia liberdade de associação, a legalização de uma associação cultural ou desportiva só era possível com autorização do Governador Civil.
Em 1970 a população portuguesa era cerca de 8,6 milhões de pessoas (47,5 % homens e 52,5 % mulheres). O país estava em guerra desde 1961 o que envolvia quase todos os jovens do sexo masculino (exceção para os exilados e emigrantes), mas do total da população empregada, só 39% eram mulheres.
As carreiras na magistratura, diplomática e de chefia na administração local eram vedadas às mulheres. Por exemplo as professoras e enfermeiras tinham que pedir autorização à chefia do respetivo serviço para casarem, estando previstas incompatibilidades.
O Estado gastava mais de 11 vezes em defesa (guerra em África) do que em Segurança Social e mais 15,9 que em Saúde. Em cerca de metade das habitações não havia água canalizada e cerca de 40% não tinham eletricidade.
As despesas do Estado em saúde eram 0,3 % do PIB (em 2010 eram 5,7% do PIB). Cerca de 43% dos partos ocorriam em casa, 17% dos quais sem assistência médica, e existiam distritos que não tinham maternidade. A taxa de mortalidade infantil era 77,5 por mil nascimentos (em 2012 a taxa é 3,4 por mil). Os médicos não estavam autorizados a receitar contracetivos orais, e a mulher não tinha o direito de tomar contracetivos contra a vontade do marido, pois este podia invocar esse facto para a separação judicial.
A esperança de vida (número médio de anos que uma pessoa à nascença pode esperar viver) era 68,2 anos (em 2012 é 79,8).
Em 1970, 25,2% da população era analfabeta (5,2% em 2011), frequentando nesse ano o ensino pré-escolar 15.153 crianças em 289 escolas (272.547 crianças em 6.592 escolas em 2012). Frequentavam o ensino secundário em todo o país 27.028 jovens (em 2012 eram 411.238). Em 1973 Portugal dispunha de 49.375 licenciados (em 2011 eram 1.244.742).
José Alberto Fateixa
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