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O Dia da Mulher

Amanhã celebra-se o dia das mulheres sem que eu entenda bem no que se tornou esta data. Em muitos locais, autarquias, partidos, oferecem-se flores e bombons, organizam-se jantares e convívios, exclusivamente para mulheres  e normalmente, feitos por mulheres. E assim se passa mais uma data celebrada. À parte disso, nas notícias do mundo real, continuam a ser relatadas histórias macabras de violência contra as mulheres e não só. Já não me chegam os dedos das mãos para contar as mulheres que desde o início do ano foram assassinadas pelos seus maridos, companheiros ou donos. Sim...não leram mal, escrevi mesmo donos...pode parecer incrível mas continuam a existir demasiadas mulheres à nossa volta, todos os dias, que têm donos. Que são meras "coisas" com funções para desempenhar e que não têm liberdade para decidir nada sobre as suas vidas. Parece incrível, mas convivemos com essas mulheres todos os dias, no trabalho, nos cafés que frequentamos, nas repartições públicas onde entramos. São também, muitas vezes, mulheres que nos são próximas e que usam a "máscara" da mulher moderna, com independência financeira, com status social. Mas que são sistematicamente inferiorizadas pelos maridos, companheiros ou namorados. Até nas coisas mais pequenas. Afinal, de que vale um jantar organizado em honra das mulheres por este país fora, se muitas delas têm de pedir autorização para ir?? Ou se antes de saírem de casa para irem celebrar, tiveram de fazer o jantar para quem fica em casa, deslindar uma forma de alguém ficar com os filhos ou terem a preocupação de chegarem depois a casa a horas "decentes"?? Se preferia que não houvesse jantares e convívios e afins? Não. Não preferia. Mas tem de ser feito algo mais. Muito mais. E esse trabalho, tem de começar a ser feito em casa. Educando os que vivem em família. Não deixando que os filhos cresçam sem entenderem que têm de partilhar as tarefas. Explicando que as mulheres não têm de pedir ajuda porque quando se trata da família, as tarefas são de todos e não exclusivamente do elemento feminino. Não tem de ser a mulher a cozinhar, a lavar e passar, a arrumar e a realizar todas as outras tarefas que uma família necessita que sejam feitas. É preciso educar. Educar a sociedade, as crianças e os jovens. Mas educar as mulheres e os homens, para que aprendam a respeitar. É necessário que se aprenda a respeitar as diferenças na igualdade. Sim, não somos iguais. Homens e mulheres são diferentes. Arrisco-me a dizer que somos diferentes em tudo. Mas merecem o mesmo respeito! E o respeito que se deve a qualquer pessoa, tem de ser ensinado aos que governam mas preferem homens ao seu lado, aos que julgam com sobranceria e falta de humanidade, aos que escolhem colaboradores para trabalhar e preferem elementos masculinos porque não têm de fazer face a licenças de maternidade e atestados de doença de filhos, aos que marcam reuniões para o final da tarde fingindo que não sabem ser hora de ir buscar os filhos à escola, aos que saem do trabalho e vão tratar da "sua vida" chegando a casa a horas de se sentar à mesa, entre tantos outros exemplos que poderia dar. E nestes exemplos, ninguém matou ninguém. Ninguém espancou ninguém. E parece até que nem houve violência. Mas houve. Mas há! Para haver violência, não tem de haver sangue! Há violência sempre que não existe respeito. Há Violência Física quando somos empurrados, agarrados ou presos, nos atiram objetos, nos dão bofetadas/pontapés/murros, nos ameaçam de nos bater, nos bloqueiam a porta ou a saída, não nos deixam sair de determinado sítio. Há Violência Sexual quando somos obrigados a praticar atos sexuais contra a nossa vontade ou quando somos acariciados/tocados sem que queiramos. Há Violência Verbal quando nos chamam nomes ou gritam, nos humilham ou fazem comentários negativos sobre nós, nos intimidam e ameaçam. Há Violência Psicológica quando nos partem ou estragam objetos, controlam a nossa forma de vestir, controlam os nossos tempos livres e o que fazemos durante o dia, nos ligam constantemente ou enviam mensagens, ameaçam terminar a relação como estratégia de manipulação, nos dizem que mais ninguém ficaria connosco, nos fazem sentir culpados/as por alguma coisa que fizemos que não foi errada, nos fazem sentir que não merecemos ser amados/as, nos dizem que somos nós que provocamos a violência. Há Violência Social quando nos envergonham ou humilham em público, sobretudo junto de amigos; quando mexem no nosso telemóvel ou vigiam o que fazemos nas redes sociais sem permissão; quando somos proibidos de conviver com os nossos amigos e família. Há Violência Digital quando entram nas nossas contas de email, FB, etc., quando controlam o que fazemos nas redes sociais, quando perseguem os nossos perfis. A falta de respeito é sempre um acto de desamor... De que vale hoje uma flor se amanhã continuar o desrespeito? Nada...nadinha... Pensem nisso... Ensinem o respeito. Exijam respeito! Orgulhem-se de serem Mulheres! Patrícia Gomes da Silva

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