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Ideias à solta

Em 1998, vimos juntas Almodóvar, no cinema que nos era habitual.

Recordo um fime que me marcou. A linguagem forte, explícita, cruzada entre obstinação, escolhas feitas de paixão e passados.

Na altura, lembro-me de escrever acerca desse filme, do que me fez sentir. Fui reler aquelas palavras. Lembrei-me de tudo. Do que falamos nessa noite, da minha sensação quando saímos do cinema.

Recordei, claro, aqueles tempos em que víamos quase tudo juntas. E de quando nos juntavamos os três, e faziamos quase tudo juntos.

Nessa altura, eu escrevia mais. Havia em mim uma desibinição maior acerca das palavras e de como elas se juntavam para fazer quase entendível para os outros aquilo que eu sentia. Foi bom.

Depois, essa forma de me transmitir, tornou-se repetitiva, monocórdica. Deixei de gostar de me ler. E parei quase de escrever. Tornei-me mais técnica. Formal. E, entretanto, cresci muito, e quando volto, hoje, a escrever, já não sou os mesmos sentimentos que na altura vos mostrava através daquelas minhas palavras.

É em jeito de desafio teu, e sabemos que não é já o primeiro (nem segundo, nem terceiro...) que hoje, não pretendo reescrever-me, porque cresci sobre o que já fui, mas aceito partilhar aqui, convosco, o que sou.

Desconheço o tempo que isto vai durar. Prefiro assumir que durará enquanto ambos quisermos.

E como vou gostar enquanto isso durar.

Estas palavras, Patrícia, são para ti.

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