Ideias à solta
- Francisco Gs Simões
- 5 de mar. de 2019
- 1 min de leitura
Naquele terreiro, feito de pedras picadas a picareta, saltei, corri e dancei.
Vi cada pedra ser picada a picareta, colocada com intencionalidade, para formar um puzzle quase perfeito, na sua imperfeição desejada.
Tudo o que é feito pelo mão do Homem é imperfeito.
Naquele terreiro, fui tantas vezes feliz!
Saltei ao elástico, à corda, joguei à macaca, subi às árvores, comi ameixos, cerejas e figos. Brinquei com os nossos cães, gatos, patos, galinhas e coelhos. Pintei de tinta verde das grades os gatos, passeei os cães bebés no carrinho de bebés e matei galinhas, coelhos, patos e perús.
Joguei badminton, ténis, futebol, ping-pong, matraquilhos e snooker.
Comi sopas de vinho e bolo de sardinha. Que saudades do bolo de sardinhada minha avó!
Fiz da mesa de pedra, debaixo da árvore de frutos, um lugar para todas as refeições e ocasiões.
Ouvi os pássaros, senti o calor, o frio, a chuva. Vi a lua, as constelações, os cometas e os satélites. Observei, através de uma radiografia, os eclipses. Vi a terra crescer e cresci com ela.
Aquelas pedras, que vi serem colocadas, uma a uma. As árvores, que ajudei a plantar. Toda aquela natureza... sinto falta do que aquele lugar poderia ter sido.
Havia uma expetativa que não se cumpriu.
Uma qualquer coisa que nem ousamos falar, por tão falhada que é.
Sobram, para mim, as reminiscências dos nossos momentos ali.
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