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Grande Reportagem

Da pedra ao lenço dos Namorados tudo isto no dia de um S. Valentim


O dia 14 de Fevereiro entrou na rota comercial dos dias mais comemorados do mundo e a razão é simples, é que num mundo onde a tradição pode fazer dinheiro, nada melhor que universalizar o amor através do dia dos namorados, para fazer com que uma enorme maquina comercial se aproprie da tradição.

Podem os habituais que não comemoram nada dizer, que todos os dias são dias de namorar, que não pactuam com festas comerciais. Enfim uma serie de desculpas para ficarem no seu cantinho como se nada se passasse, como se ficassem à margem do mundo.

É claro que há os outros, os que esfregam as mãos de contente com a comemoração deste dias. Esmeram-se em compras para a pessoa amada, convidam para um jantar romântico, usam palavras “delicodoces” e cumprem a sua obrigação e depois esperam um ano para voltar de novo a ser namorados.

Mas, vamos à história desta data e ao seu significado. O dia dos namorados e uma data comemorativa não oficial que se comemora na maioria dos países no dia de S. Valentim a 14 de Fevereiro. Países há, como o Brasil em que este dia se comemora a 12 de Junho, véspera de Santo António, também ele com tradições casamenteiras em Portugal, nomeadamente em Lisboa.

Mas, como surge este dia dedicado aos namorados ou ao amor. Temos de recuar até ao ano de 270 e ao Império Romano, para ficarmos a saber a origem desta data. Pois bem um bispo da Igreja Católica, São Valentim, foi proibido de realizar casamentos pelo imperador romano Claudius II.

Não concordando com a decisão do Imperador o bispo continuou a celebrar casamentos mas em segredo. Foi no entanto descoberto, preso e condenado à morte. O bispo Valentim foi decapitado em 14 de fevereiro do ano 270.  Em sua homenagem, esta data passou a ser destinada aos casais de namorados e ao amor, primeiro na Europa e a partir do século 17 nos Estados Unidos da América onde é conhecido pelo Valentine’s Day onde tal como cá há demonstração de amor através da troca presentes, já lá vai o tempo em que uma cartão com umas palavras vindas do coração serviam, agora flores, chocolates, jantares românticos e presentes consoante a bolsa vão quantificando o amor.

Voltando à história, não se sabe muito bem que é este bispo Valentim e isto porque a Igreja Católica reconhece pelo menos três santos com o nome de Valentim, todos eles martirizados pela Roma Antiga, e não é certo qual desses três será o "responsável" pela história que deu origem à lenda.

Já dissemos aqui que o bispo Valentim desrespeitou as decisões do Imperador Cláudio II, que querendo formar um poderoso exército romano, decidiu proibir temporariamente a celebração de casamentos para garantir que os jovens se concentrassem mais facilmente na guerra e na vida militar.

O Bispo continuou a casar os jovens e como referimos foi preso e condenado à morte, mas não foi esquecido pelos jovens que até à sua execução, lhe foram enviando flores e bilhetes (o que explica a troca de postais, cartas e presentes, hoje em dia).

Diz a lenda que a filha do carcereiro de Valentim, que era cega, movida pela curiosidade, terá pedido para o visitar no cárcere e, mal se aproximou dele, recuperou a visão. Ambos se apaixonaram um pelo outro. Numa carta escrita à sua amada, o bispo ter-se-á despedido com a expressão “do seu Valentim”, que ainda é usada na língua inglesa (“valentine“) para designar namorado.

Mas esta história não tem final feliz: ainda segundo a lenda, a ordem de execução dada por Cláudio foi cumprida e Valentim acabaria por ser decapitado.

A igreja não celebra oficialmente esta data, e isso tem a ver com a falta de factos históricos comprovados. Esse fato nunca obstou a que se comemorasse a 14 de Fevereiro o dia dos namorados com tradições seculares em todos o mundo e também em Portugal como por exemplo em Oleiros , Guimarães com a ‘cantarinha dos namorados’ uma prenda muito oferecida por alturas de São Valentim, e que segundo a tradição surge quando um rapaz se dispunha a fazer o pedido oficial de casamento oferecia primeiro à namorada uma cantarinha, moldada em barro. Se a prenda fosse aceite, estava formalizado o pedido particular, passando a depender apenas da vontade dos pais o anúncio do noivado. Uma vez dado o consentimento, a cantarinha servia então para guardar as prendas que o noivo e os pais da noiva ofereciam, designadamente peças em ouro.

No Alentejo também há algumas tradições e lendas relacionadas com o dia dos namorados isto apesar de nem sempre esses ritos se fazerem no dia 14 de Fevereiro, por exemplo em S. Pedro do Corval existe a chamada Rocha ou pedra dos namorados, que é uma pedra enorme de granito e que está ligada a rituais pagãos e que ainda hoje funciona como força espiritual para a população local.

Como o seu nome popular indica a rocha esta ligada aos casais e logo à celebração da fecundidade, no entanto não é neste dia que a pedra do Namorados é visitada, mas sim na altura dos festejos da Ressurreição de Cristo, que mulheres jovens se na transição para a idade adulta se deslocam (ou deslocavam aqui) para atirar pequenas pedras para cima deste rochedo, sendo o objectivo que estas ficassem lá em cima, a cada pedra falhada, aumenta-lhes um ano de espera até ao dia do seu casamento. O lançamento deve ser feito de costas, aumentando a dificuldade.

Com lendas ou sem lendas, com duvidas sobre qual o Valentim que dá origem ao dias dos namorados, uma “coisa” é certa, este dia é esperado por muitos para fazer uma coisa qualquer de diferente à sua amada.

Aqui ficam algumas curiosidades que fazem deste dia um dia especial.

Muitos rapazes esperam esse dia para fazer seus pedidos de casamento, e a compra de jóias também aumenta bastante nessa época do ano, anualmente, mais de mil cartas endereçadas a Julieta, a eterna amante de Romeu, personagens fictícios criados por William Shakespeare, são enviadas à cidade italiana de Verona.

No Japão, quem presenteia nesse dia são as mulheres, com chocolates e quitutes feitos por elas para os seus prometidos ou pretendentes. Já os rapazes retribuem a gentileza um mês depois, no dia 14 de Março. Estima-se que 1 bilhão de cartões sejam “trocados” no Dia dos Namorados só nos EUA, ficando atrás apenas dos cartões enviados no Natal, que alcançam a marca de 2,6 bilhões de unidades. Todos os anos, mais de 50 milhões de rosas são presenteadas por conta dessa celebração.

Em Portugal depois de quase extintos os lenços dos namorados regressaram em força através precisamente do dia dos namorados uma prenda que como se costuma dizer se tornou viral

Diz-se que a origem dos "lenços dos namorados" remonta aos séculos XVII - XVIII, quando as Senhoras bordavam para passar tempo, sendo que, ao longo dos tempos, foram sendo adaptados para as mulheres do povo.

No início, estes lenços, faziam parte do vestuário feminino e tinham apenas uma função decorativa. Eram lenços quadrados, de linho ou algodão, bordados conforme o gosto de cada um.

No entanto, estes lenços, tinham outra função: a conquista do namorado.

Uma rapariga, quando chegava à idade de casar começava a bordar um lenço em linho ou algodão depois de bordado, o lenço era entregue ao namorado ou "conversado" e era em conformidade com a atitude deste usar publicamente ou não, que se decidia o namoro. Se este aceitasse, poria o lenço por cima do seu casaco domingueiro, colocava-o ao pescoço com o nó voltado para a frente, usava-o na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo. Caso contrário, o lenço voltaria às mãos da rapariga. Se por acaso, ele aceitasse mas, mais tarde, trocasse de parceira, fazia chegar à sua antiga pretendida o lenço.

Podia também acontecer, os lenços serem motivo de uma simples brincadeira ou troca de palavras. "Nas festas os rapazes tiravam os lenços das raparigas simulando uma ligação amorosa. Quando o rapaz já tinha namorada o facto de simular uma ligação com outra ao roubar-lhe o lenço era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a quem o lenço tinha sido roubado.

Quando eram utilizados pelas suas "donas" no seu trajo de festa, estes eram colocados do lado direito da cintura, deixando pender uma das pontas, dando assim à sua indumentária uma graciosidade particular".

Os lenços, representam o sentimento da rapariga em relação ao rapaz, no qual ela escreve pequenos versos de amor, ou símbolos.

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