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Grande Reportagem

O homem chegou à Lua


A lua é depois do sol o corpo celeste mais venerado ao longo da vida da humanidade. Muitos são os deuses personificados pela Lua e muitas são as lendas, os contos e os mitos que têm a lua como personagem central.

Quando se comemoram os cinquenta anos do “pequeno passo para o homem, grande passo para a humanidade” vamos viajar no tempo na nave do conhecimento para conhecermos a forma como da imaginação se chegou à concretização de um sonho e de um desejo, chegar á lua.

Comecemos pela mitologia, eis alguns deuses que influenciam ou influenciaram diversos povos, por exemplo a deusa Mawu a deusa suprema do povo Fon da República do Benim. Esta deusa da lua traz as temperaturas mais frias ao continente africano e é vista como uma velha matriarca que vive no ocidente. Mawu tem como companheiro o deus Liza, juntos criaram o mundo. Ela simboliza a noite, a alegria e a maternidade.

No outro lado do mundo existia também uma deusa a Coyolxauhqui, Deusa da Lua para os astecas e cujo nome significa “sinos dourados”. Era filha da deusa da terra Coatlicue e irmã do deus sol Huitzilopochtli.

Foi Coyolxauhqui quem encorajou seus irmãos e irmãs a tentar matar sua mão pela desonra de dar à luz a Huitzilopochtli que havia sido gerado quando penas caíram sobre ela quando esta dormia no templo. O deus Sol não só protegeu sua mãe como decapitou Coyolxauhqui, lançando sua cabeça nos céus para formar a Lua.

Na Índia terra de deuses os hindus têm a Soma que representa o deus da Lua. Ele atravessa os céus numa carruagem puxada por cavalos brancos. Soma também é o nome do elixir da imortalidade que só os deuses podem beber. Nesta mitologia a Lua é o reservatório de tal elixir e ela diminui em algumas de suas fases pois os deuses estão a bebê-la. Alguns mitos dizem que a Lua é habitada por uma lebre e, portanto, as lebres são vistas como encarnações de Soma.

Na Grécia e em Roma temos duas deusas que estão ligadas á lua, Ártemis e Diana.

Ártemis é uma deusa grega irmã gêmea de Apolo, filha de Zeus e Latona. Simbolizava a lua e a caça além de outros aspetos. Diana era uma deusa romana das regiões selvagens que se identificava com a Ártemis grega. Ambas eram donzelas com qualidades guerreiras que portavam o arco e tinham identificação com a Lua.

NO japão e na China, também a lua tinha mistérios e deusas. Tsuki-Yomi era o deus da Lua no xintoísmo japonês, nascido do olho direito de Izanagi. Vivia nos céus com sua irmã, a deusa sol Amaterasu.

Uma vez Amaterasu enviou seu irmão como representante à deusa da comida, Uke Mochi. Para celebrar a deusa da comida ofereceu a ele um maravilhoso banquete, criado de sua boca e nariz. Tsuki-Yomi enojou-se tanto que matou a anfitriã. Quando Amaterasu descobriu o crime do irmão, ficou tão furiosa que nunca mais quis vê-lo. Desde então irmão e irmã vivem alternando nos céus, explicando assim o ciclo de dia e noite.

Por seu lado os chineses acreditavam que havia doze luas, assim como havia doze meses no ano, da mesma forma como acreditavam nos dez sóis, um para cada dia da semana chinesa. A mãe das doze luas era a mesma dos dez sóis.

No começo de cada mês, sua mãe, Heng-o, lavava suas filhas em um lago no extremo ocidente do mundo. Então cada Lua, uma após a outra, atravessaria os céus em uma carruagem em uma jornada de um mês para alcançar o outro lado do mundo. Dizia-se que as Luas eram feitas de água e tinham em seu interior ou um sapo ou uma lebre.

Para alem da mitologia a lua sempre despertou a imaginação do homem e o desejo de chegar até lá é quase tão antigo como o próprio homem, aliás o desejo de voar do homem pode dizer-se que tinha um objetivo, chegar à lua

Todos conhecemos história de Ícaro que juntamente com o seu pai fabricou asas para voar, mas que ao deslumbrar-se pela capacidade de voar ignorou o aviso de seu pai para que não se aproximassem nem muito do sol nem perta da água acabou por ver o sol derreter a cera que sustentava as asas e caiu no mar e morreu.

No entanto para alem deste desejo voar o que o jovem grego deixou para a posteridade foi a possibilidade de o homem superar a gravidade, #coisa” decisiva para a ida á lua.

Mas, como enviar algo para o ar isto é como fazer com que um objeto fosse projetado do chão para cima. Temos também de recuar muito e muitos anos para perceber como começou esta coisa da propulsão.

No ano 1000 um alquimista chinês teve a ideia de encher tubos de bambu com salitre, enxofre e carvão para que fosse possível lançar no ar os “foguetes” que animavam as festas, nasceu então o primeiro sistema de propulsão da história.

Uns seculos mais tarde e sempre com os olhos postos na lua um italiano que voava na imaginação começou a pensar em algo que viajar através do pensamento, esse homem chamava-se Leonardo da Vinci que depois de muito pensar e observar os pássaros desenhou uma máquina voadora a que chamou helixpteron. A mão dos futuros aviões.

Já havia a lua como mito, já havia o desejo de voar, já havia a forma de ser erguer no ar, já havia a maquina para voar, faltava saber onde estava na realidade a lua, qual o caminho para chegar até lá.

Embora a observação dos astros fosse coisa muito antiga, que levava alguns milhares de anos antes de cristo a sacerdotes fazerem calendário através da observação do céu, a prever diversos fenómenos atmosféricos, a astronomia só foi considerada ciência quando em 1609, quando Galileu Galilei fabricou o primeiro telescópio e foi possível começar a ver os caminhos celestiais.

“Seja qual for a parte da via láctea para onde o óculo de perspetiva estiver direcionado, existe uma multidão de estrelas muito além do que se possa imaginar. “Estas palavras foram escritas por Galileu Galilei, que acrescentou “O maior deslumbramento é o seguinte: observei quatro planetas que possuem as suas orbitas á volta de Júpiter.” Estes eram satélites de Júpiter e provavam que nem tudo gira á volta da Terra. Galileu acrescentou: “Agradeço infinitamente por sozinho, ter sido o primeiro observador destas coisas extraordinárias”.

Estas descobertas cientificas tiveram também o condão de despertar a imaginação de alguns agora baseada em fatos concretos e assim em 1865, Júlio Verne escreveu Da Terra à Lua, um livro sobre homens que viajam à Lua usando um gigantesco canhão. A história não passava imaginação criativa do escritor, mas o que é certo é que inspirou os primeiros estudiosos de foguetes.

No entanto Júlio Verne foi apenas um dos que usou a imaginação para se aventurar na conquista do espaço, Alex Raymond quando estava a criar a personagem Flash Gordon não lhe passaria pela cabeça que mais tarde a Nasa iria inspirar-se em si para algo que era fundamental para lançar o homem no espaço, o lançamento vertical de foguetes. Na banda desenhada também se falava de um veículo que entrava e saía da atmosfera com a mesma facilidade com que aviões decolam e pousam. Apareceram então as naves espaciais.

Na pagina da NASA pode ler-se a este propósito o seguinte: “A ficção abastece-nos com figuras mentais que tornam mais fácil chegar a essas façanhas”.

Continuando a olhar para a lua e para o espaço e para tudo o que a imaginação nos pode dar, com a possibilidade de ir até á lua, começou a pensar-se que possivelmente não estaríamos sós, no Mundo, pelo que a palavra ET(Extra terrestres) começou a figurar no nosso vocabulário e na imaginação dos ficcionistas, tendo surgido por exemplo no final do seculo 19 um livro que ainda hoje é muito lido “A Guerra dos Mundos”, escrito por H.G. Wells, que conta uma história sobre marcianos que atacam o nosso planeta. Ainda hoje, a ideia de vizinhos invasores – e o medo de que eles sejam cruéis

Santos Dumont, provou em Paris que o homem podia voar e desde então a ciência começou a trabalhar para afirmar a aviação como algo que mudaria o mundo, mas foi a guerra, que fez com que os avanços científicos, nos colocassem cada vez mais próximos de ter capacidade para ir à Lua.

A Alemanha Nazi criou para fins estritamente militares a bomba V-2 a “mãe” dos mísseis balísticos e dos foguetes das naves espaciais. Na Guerra esta bomba com 14 m de comprimento e 1,65 m de diâmetro, foi usada nos bombardeios contra a Inglaterra e a Bélgica.

Quando acabou a Guerra, as grandes potencias ficaram com conhecimentos de novas tecnologias bélicas e usaram-nas para outras “guerras, a corrida ao espaço que começou a ser disputadas pelas doutrinas politicas que dominavam o mundo de então o capitalismo americano e o socialismo soviético.

O lançamento do satélite artificial soviético Sputnik 1, em outubro de 1957, inaugurou a chamada era da corrida espacial. O Sputnik 1 era uma esfera de alumínio de 58 cm de diâmetro. Em orbita os seus instrumentos enviaram diversas informações sobre radiação cósmica, meteoritos densidade e temperatura da atmosfera. O satélite foi destruído na reentrada da atmosfera, 57 dias após o seu lançamento.

Pouco tempo depois os russos lançaram para o espaço o Sputnik 2, levando a bordo a cadela Laika que foi o primeiro animal a orbitar a Terra e foi também o primeiro ser vivo a morrer no espaço, pois apesar de ter oxigênio para mais de 1 semana, acabou por durar somente um dia devido ao calor.

Os Estados Unidos da América não quiseram ficar para trás e responderam ao Sputnik 2 com o Explorer, o primeiro satélite americano que estava equipado com aparelhos para medir temperatura, detetar micrometeoros e contar raios cósmicos.

No inicio dos anos sessenta do seculo passado deu-se o primeiro acidente da era espacial. No Cazaquistão, um foguete R-16 explodiu na base de Baikonur matando mais de 100 pessoas, entre militares, engenheiros e técnicos.

Este acidente não demoveu os soviéticos da corrida ao espaço e em 1961 lançam uma nave tripulada e que atingiu 327 km de altitude e viajou ao redor da Terra durante 108 minutos, quem pilotava a nave Vostok 1 tinha um único tripulante Yuri Gagarin, pesava cerca de 5 toneladas e uma minúscula cabina. Gagarin deu uma volta em redor do planeta na sua cápsula e informou o mundo que a Terra é Azul.

O programa Vostok, da União Soviética, lançou aeronaves para o espaço entre abril de 1961 e junho de 1963. Ao todo, seis cosmonautas foram colocados na órbita terrestre. A 16 de Junho de 1963, a Vostok 6 transportou a primeira cosmonauta do mundo, Valentina Teresshkova.

Por seu lado os americanos desenvolveram, entre 1959 e 1963, o programa Mercury, base para o bem sucedido programa Apollo, A cápsula da Mercury era minúscula, com menos de 2 metros cúbicos. Em maio de 1961, três chimpanzés foram enviados para o espaço para testar as condições de sobrevivência.

Alan Shepard foi o primeiro astronauta a viajar a bordo de uma aeronave Mercury e Gordon Cooper comandou a ultima missão Mercury, de 22 orbitas, e finalizou a fase operacional do projecto em maio de 1963.

A disputa politica pelo “controle” do Muindo entre os americanos e soviéticos estando no auge nos anos sessenta e a corrida ao espaço era o braço de ferro entre as duas super potencia no chamado período da guerra fria com o residente norte-americano John F. Kennedy a prometer em maio de 1961, construção de “uma aeronave que chegue á Lua, com o propósito de poder enviar um homem e trazê-lo de volta á Terra, antes do fim desta década”.

E assim já sem Kennedy a ver em 20 de julho de 1969, o Homem pisou o solo lunar. O herói foi Neil Armstrong, o primeiro a caminhar na Lua e a anunciar: “Este é um pequeno passo para um homem, mas um salto gigante para a Humanidade.”.

A duração total da viagem da Apollo 11 foi de quase 200 horas. Foram utilizados dois módulos - um orbital (Columbia) e outro lunar (Eagle). Ambos estavam acoplados ao foguetão Saturn V. Após realizar uma correção de 180 graus e seguir até á orbita lunar o módulo Eagle com dois astronautas, preparou a alunagem. A permanência na Lua durou 21 horas e 38 minutos. O regresso á Terra ocorreu a 24 de Julho de 1969. Os três tripulantes da Apollo 11 já tinham participado no programa Gemini, uma preparação imprescindível para realizar a alunagem e as caminhadas no satélite natural. Neil Armstrong e Edwin Aldrin foram os primeiros homens a pisar a Lua, enquanto Michael Collins, a bordo do módulo de comando, girava á volta da Lua a 111 quilómetros de altitude.

Com foi a viagem de 200 horas da Apollo 11. Em pouco mais de oito minutos a Apollo 11 é empurrada para a órbita da Lua por um foguete, 3h e 12minutos depois a nave separa-se dos foguetes, para 98 horas e 18 minutos o modulo lunar se separar do resto da nave que permanece em órbitra. 110 horas depois o módulo pousa na Lua e Armstrong dá o pequeno passo para o homem, 129oras e 28minutos depois os astronautas voltam para a nave e o módulo lunar é abandonado em órbita.

Mais de 1 bilhão de pessoas viram pela TV a chegada do homem à Lua. As pegadas deixadas por Neil Armstrong e Buzz Aldrin) devem ficar lá por 10 mil anos.

O momento da chegada do Homem à Lua, há 50 anos, ficou perpetuado com a colocação de uma bandeira dos EUA no solo lunar e como sempre Portugal ou melhor os portugueses marcam sempre os momentos históricos da humanidade, pois bem essa bandeira, ícone da corrida ao espaço foi costurada por uma portuguesa em Nova Jérsia.

Maria Isilda Ribeiro, atualmente com 73 anos, estava a viver e a trabalhar na cidade norte-americana quando se deram os passos rumo à aterragem na Lua. Ela acabou por ter o privilégio de fazer as bainhas e alguns remates na bandeira dos EUA que foi colocada no solo lunar.

A NASA, a agência espacial norte-americana, mandou fazer várias bandeiras para a missão Apollo 11, acabando por escolher a que foi manufaturada na fábrica Annin & Company. E foi precisamente aí que Maria Isilda Ribeiro, então uma jovem emigrante na casa dos 20 anos, a costurou.

“Faltava coser as bainhas, a dobra para a haste e fazer alguns remates”, explica Maria Isilda Ribeiro `Rádio Renascença referindo-se à bandeira de 90 centímetros por metro e meio e que foi feita em fibra de vidro e nylon.

A emigrante de Aveiro, natural do concelho de Vagos, voltou à sua terra natal, onde goza a reforma.

Edwin Aldrin, de 89 anos, continua a viver nos EUA, participando em vários eventos sobre a exploração espacial, após ter vivido problemas de depressão e álcool no seguimento da fama obtida com a ida à Lua.

Neil Armstrong morreu em 2012, com 82 anos de idade. Em 2005, numa entrevista ao “60 Minutes” da CBS News, Neil Armstrong falou de como foi caminhar na Lua e como fugiu à fama de ter sido o primeiro Homem a andar em solo lunar.

Nenhum astronauta pisa na Lua desde 1972, mas a NASA quer voltar para testar novas tecnologias necessárias no caminho até Marte.

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