Grande Reportagem
- Francisco Gs Simões
- 17 de mai. de 2019
- 5 min de leitura
Vamos ao campo ver animais que estão mesmo aqui ao nosso lado

A National Geographic deu-nos há pouco tempo a conhecer uma serie de animais que habitam em Portugal, nos nossas bosques e florestas, nas planícies e mesmo perto das zonas urbanas e que nós, porque fomos perdendo esta coisa boa que é passear...pelo campo e olhar a natureza, pensamos que vivemos sozinhos e contudo...não vivemos.
Vamos então ficar a saber os animais que a National Geographic descobriu e que ao fim e ao cabo sempre estiveram aqui bem pertinho de nós.
Por exemplo aqui no Alentejo e mais propriamente junto ao montado, logo na zona de Portel existe um animalzinho de nome Leirão, também chamado rato-dos-pomares ou para os cientistas Eliomys quercinus, que é um roedor europeu com características bastante estranhas. É que o leirão, sentido-se ameaçado, consegue largar a pele e a cauda.
Está classificado como Quase Ameaçado (NT) à escala global, no entanto, há uma grande falta de estudos sobre este roedor esquivo em Portugal. Foi identificado em várias áreas de Portugal Continental, mas, devido aos seus hábitos noturnos, é muito difícil de avistar. O Leirão gosta de uma variedade de habitats, de hortas a montados, ou mesmo zonas pedregosas de vegetação escassa, mas as florestas de sobreiros são os seus favoritos.
Outro animal que apesar de abundante em quase todo o Portugal é desconhecida por muitos, trata-se da Lontra-Europeia, Lutra lutra, que é uma espécie abundante em Portugal, classificada como Pouco Preocupante (LC), se bem que na vizinha Espanha é uma espécie Vulnerável.
Este mamífero semiaquático encontra-se de Norte a Sul do país em vários ambientes aquáticos como lagos, rios, ribeiras, canais, pauis, sapais e pequenas albufeiras, bem como em estuários e rias do litoral atlântico.
Apesar de não se tratar de uma situação de emergência, a lontra-europeia enfrenta algumas ameaças como a poluição da água, a sobre-exploração dos recursos hídricos, ou ainda morte por atropelamento ou afogamento em redes de pesca.
Outro animal que tem apetência pelo montado é o Gamo, um cervídeo parente dos veados e cervos, de nome científico Dama dama. Apesar de estar classificada como Pouco Preocupante, não há populações silvestres desta espécie em Portugal, encontrando-se praticamente todos os gamos em reservas de caça privadas e parques naturais. Este tímido ruminante distingue-se do veado comum pela sua pelagem clara com manchas brancas, cauda comprida e pelas hastes. No entanto, à semelhança do veado, o macho do Gamo perde as suas hastes no inverno, que voltam a crescer na primavera. As fêmeas não têm hastes.
Costumam encontrar-se mais ou menos por todo o país, com preferência para as zonas de pinhal ou montado.
O Alentejo, mais propriamente o Alto Alentejo é o habitat de outro animal desconhecido pelo menos á vista para muitos, trata-se do Muflão, Ovis ammon musimon, que é o antecessor selvagem do carneiro doméstico. É também chamado carneiro-selvagem, e é originário da Ásia.
A introdução em Portugal ocorreu na década de 1990, em zonas de caça turística do Centro e Alto Alentejo. A nível global, é uma espécie vulnerável, pois é uma das ovelhas selvagens mais ameaçadas de extinção.
O Muflão tem uma cor acastanhada que escurece à medida que vai envelhecendo, e desenvolve uma mancha branca distintiva de cada lado do torso, bem como os característicos cornos enrolados.
Sabia que este atento animal consegue detetar o mais pequeno rumor a mais de duzentos metros de distância? E ainda que tem um apetite especial por frutos mais doces?
Quando vamos ao Algarve em busca do sol e praia é comum depararmos com um animal calmo e lento e que se confundo com a vegetação, trata-se do Camaleão comum, Chamaeleo chamaeleon, que é uma das únicas espécies de camaleões que se estende à Europa. Este réptil bem territorial, que não gosta da companhia dos seus pares, alimenta-se principalmente de gafanhotos e é autóctone do Sul da Península Ibérica, Chipre e Creta.
Em Portugal, habita o Sul, no Algarve, e o seu estado de conservação é Pouco Preocupante. Além das suas características mais fascinantes – muda de cor e língua extremamente comprida e ágil -, o Camaleão-comum tem visão estereoscópica, cauda preênsil, e possui uma movimentação independente dos olhos. Há animais que voltam depois de se terem extinguido em Portugal, ultimamente foi noticia o regresso de um urso mesmo que de passagem a Portugal, pois bem também o Esquilo-vermelho, ou Sciurus vulgaris, voltou a Portugal! E, porque “voltou”? É que este esquilo reguila ter-se-ia extinguido em Portugal no século XVI, mas a inícios do século XX terá começado a habitar o país novamente, vindo de Espanha. No entanto, há uns anos atrás foi declarado o regresso deste simpático roedor, e não apenas confinado a umas poucas áreas do Alto Douro. Agora, pode, com alguma sorte, ver estes esquilos-vermelhos (que também podem ser castanhos ou pretos) no Parque Nacional Peneda-Gerês, no Parque Florestal de Monsanto e no Jardim Botânico de Coimbra. Uma curiosidade: estes amigos nervosos, que têm por hábito enterrar as sementes que encontram, por vezes esquecem-se da localização das suas reservas de comida contribuindo, assim, para a reflorestação das áreas que habitam No norte do país há um animal que tal como os outros que já referimos passa despercebido a nós que somos urbanos, a toupeira de água muito, muito tímida e difícil de ver, de nome científico Galemys pyrenaicus, é nativa e circunscrita ao centro de norte da Península Ibérica, e à zona dos Pirinéus. É um animal vulnerável, tanto a nível global como nacional, pelo que muitos esforços têm sido feitos para a sua conservação. Foi no Douro que o fotógrafo da National Geographic Joel Sartore fotografou um exemplar desta espécie, no âmbito do projeto conjunto Photo Ark. Esta excelente nadadora, pouco maior que um hamster, habita as margens de rios, ribeiras e outros cursos de água. Mais a sul existe um pequeno animal que se confunde muito com um ratinho de campo e que afinal se trata do musaranho-pigmeu, esta espécie, Suncus etruscus, não se trata de um roedor! Este musaranho, da família Soricidae, é o menor mamífero do mundo! O musaranho-pigmeu tem um comprimento entre 3 e 5 centímetros, e pesa em média 1,8g apenas. Está maioritariamente confinado às zonas rurais do Mediterrâneo, de Portugal ao Médio Oriente, com presença no Norte de África. Se vai procurá-lo no seu jardim – ou num olival ou vinha -, faça-o antes do Inverno: este pigmeu pode hibernar se ficar muito frio. O seu nome não é estranho ao comum do mortais mas provavelmente poucos se podem gabar de o ter visto apesar de haver muitos no nosso pais trata-se da Gineta Europeia. A genetta foi introduzida em Portugal, vinda de África de onde é natural, e adaptou-se muito bem. Não se sabe ao certo como foi a sua introdução na Europa, mas acredita-se que os Árabes a usassem como exterminadora de ratos nas habitações – a gineta é um excelente caçador – antes de os gatos domésticos terem sido importados do Egito. As ginetas apresentam uma pelagem normalmente castanha acinzentada, com manchas características, podendo ser mais escuras, e têm dimensões semelhantes às de gatos. Apesar de serem bastante adaptáveis a variados habitats, as ginetas preferem áreas florestais com cursos de água nas proximidades. E quem não ouviu falar de sacarrabos, pois bem os sacarrabus, rato-de-faraó, icnêumon, mangusto ou manguço são alguns dos nomes comuns da espécie Herpestes ichneumon. O seu nome gera divisões: há quem acredite que vem da sua forma peculiar de deslocação em grupo – em fila indiana, muito com os narizes muito próximos da cauda do seguinte -, e também quem considere uma corrupção da palavra escalavardo, como é chamado no Alentejo. Este pequeno mamífero originário de África está restrito ao sudoeste da Península Ibérica, na Europa, e habita os matagais mediterrânicos. Pensava-se que tivesse sido introduzido na Europa pelos primeiros muçulmanos, mas um estudo de 2011 revelou traços fósseis de sacarrabos numa suposta ponte no Estreito de Gibraltar, durante o Pleistoceno, entre os períodos glaciar e interglaciar. Hoje em dia é bastante abundante no nosso país, e é muito conhecido por comer cobras, mesmo venenosas. Mas porquê o nome rato-de-faraó? Bem, o sacarrabos era venerado e considerado sagrado, no Antigo Egito, tendo sido encontradas várias múmias deste animal. Na mitologia egípcia, o Deus Rá transforma-se em sacarrabos para lutar o Deus serpente Apophis.
Comments