top of page

Gostava de saber… falar mandarim!!!


A comunicação em Macau é um trabalho árduo. Não é fácil estabelecer canais. Há duas línguas oficiais - chinês ( cantonês) e português - sendo que a maioria das comunicações directas são efectuadas na língua mãe: O chinês.

Neste contexto o trabalho dos jornalistas, quer portugueses, quer chineses, não é fácil. Ora, porque a maioria das mensagens, muito delas, com chavões técnicos, são expressas na língua que tem origens sino-tibetanas e são entendíveis por tradução simultânea para português com muitas imperfeições à mistura, ora porque um dos interlocutores domina a segunda língua, o português, e ao expressar-se cria um verdadeiro desconforto aos demais, que não entendem, nem têm tradução imediata.

Passo a explicar, a regra é: discursos em chinês (cantonês) traduzidos para português. O inverso é incomum. Nestes cenários só quem usa equipamentos/auriculares de tradução simultânea são os jornalistas portugueses.

Mas os cenários comunicativos são fáceis de complicar. Basta um jornalista colocar uma questão em português, a um interlocutor chinês. O normal é ele responder em chinês. Toda a audiência percebe a resposta e só os portugueses é que necessitam da bem dita tradução. Mas, e se esse interlocutor quer responder em português. Nada mal para os portugueses, certo? Mas há um problema maior. Ao lado estão jornalistas chineses que não têm equipamentos/auriculares de tradução, nem as tradutoras estavam preparadas para a situação. Começa a confusão, o cenário torna-se caricato, deveras curioso porque as dificuldades rapidamente se invertem e o que é habito passa a desastre. Mas pode piorar.

Em Macau fala-se chinês (cantonês). Este dialecto é falado por cerca de 55 milhões de chineses. Mas a língua padrão na China é o chinês (mandarim) falado por cerca de dois terços da população (no final de 2018 a população registada atingia mil quatrocentos e dezassete milhões de pessoas -1.417.775.000 pessoas – ou seja 1,4 biliões de pessoas. fonte Naçoes Unidas e www.worldometers.info). Para não falar que neste grande país existem cerca de 100 dialectos reconhecidos e não reconhecidos.

Ora, em Macau, já começa a ser habitual nos encontros com a comunicação social aparecer uma pergunta, ou duas, em mandarim de um jornalista chinês. Cenário a complicar outra vez. A solução passa pela capacidade educativa e social dos interlocutores que estão no terreno. Há quem só domine o cantonês (onde cada um dos caracteres tem oito tonalidades, logo 8 significados diferentes) e há quem domine o cantonês e o mandarim (onde cada um dos caracteres tem cinco tonalidades, logo 5 significados diferentes). Perante esta situação há tradutores ( chinês-português) que bloqueiam e não falam. Há outros que entre tons altos e baixos lá desenrascam os significados.

Mas este não é o limite da confusão e perplexidade. Macau tem nas bancas três jornais diários portugueses e dois na língua inglesa. Nestes últimos há jornalistas nativos na língua de Shakespeare. Não falam português nem chinês, mas aparecem nos eventos e assistem às conferências de imprensa. Ouvem e tomam notas. Como entendem? Complicado, mas merecem o meu 尊重,respeito, respect!

Agora percebem porque gostava de saber… falar mandarim!

Commentaires


bottom of page