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Gostava de saber…

… porque é que temem a tecnologia da China

Nos últimos meses no espaço público muito se fala da guerra económica entre os Estados Unidos da América ( EUA) e a República Popular da China (RPC) havendo um ênfase na enorme capacidade tecnológica da Huawei, temendo a sua tecnologia extremamente avançada no domínio das (tele)comunicações em particular nas potencialidades que a nova rede de quinta Geração (5G) vai proporcionar a todos os níveis. Os Estados Unidos alegam intromissões no mundo da segurança, activa e passiva, eu arrisco a dizer o que temem é perderem mercado por falta de capacidade tecnológica.

Nas últimas décadas a China tornou-se numa potência mundial em todos os aspectos. Aos poucos foi-se libertando, em áreas estratégicas, da dependência externa, e hoje em dia não precisa de recorrer aos mercados para usar tecnologia. Oferece, produz e melhor do que muito dos seus concorrentes.

A rede 5G não é uma tecnologia insignificante paras pessoas, paras os governos ou para o mundo. A implementação desta tecnologia não irá só permitir downloads ( termo inglês para descargas de ficheiros e documentos em suportes informáticos ou móveis) mais rápidos ou a visualização de filmes com mais qualidade nos telefones multimédia mas vai possibilitar que todos os dispositivos com necessidades electrónicas estejam permanentemente ligados à rede. E quando digo dispositivos estou a falar de automóveis, drones, lâmpadas, televisões, colunas de som ou até equipamentos domésticos. Tudo poderá ser ligado ou desligado, acompanhado ou vigiado à distância. É aqui que entra a questão da segurança dos estados. Ninguém quer ser observado mas todos querem observar e ter o controle e não avanço mais.

Há muito que os EUA estão a deixar espaço para que as tecnologias asiáticas dominem, ou pelo menos as pessoas na Ásia não necessitam do que é comum no Ocidente: Google, Facebook, Twitter, Google Maps, Instagram, Youtube ou Paypal. Porque é que não necessitam? Porque tem aplicações ou plataformas melhores e mais eficazes na área da sua influência.

Tome então nota como exemplo. Na China ( incluindo Macau, Hong Kong e Taiwan), Filipinas, Vietname e Tailândia as pessoas usam massivamente uma plataforma de nome Wechat (www.wechat.com) . Esta aplicação que existe em diversos idiomas conjuga eficazmente as mesmas potencialidades do Google, Facebook, Twitter, Messenger ou o paypal. 5 em 1. Mas há mais. A plataforma Amazon ( www.amazon.com) tem um concorrente na Ásia, melhor dois concorrentes imbatíveis suas capacidades: o Taobao (www.taobao.com) e o JD ( www.jd.com) também conhecido como o Jingdong. Em ambas plataformas a rapidez de entrega e a qualidade batem os produtos disponibilizados na Amazon ( excepto na questão dos livros).

Mas podemos ir mais longe, para nos aproximarmos um pouco mais das questões de segurança ou de georreferenciação. As informações disponibilizadas pela Google Maps (maps.google.com) nesta parte do globo para encontrar cidades, ruas lugares em mapas geográficos são muito deficitárias quando comparadas com a tecnologia/informação usada pelo Baidu maps (map.baidu.com), pelo menos na Ásia. Basta um simples exemplo numa zona considerada neutra para perceber as massivas diferenças das tecnologias: Hong Kong

Os resultados de uma pesquisa para encontrar no Google Maps um Centro Comercial (há centenas) nesta região Administrativa Especial da China devolvem a posição no mapa e visualmente (na versão gráfica) é apresentado o quarteirão da localização do centro com silhuetas dos diferentes edifícios existentes na área. Numa perspectiva tridimensional (3D) que o Google Maps também permite, é possível enquadrar o edifício e ter uma noção aeroespacial do terreno. Depois o normal: indicações GPS, orientações de navegação, etc… No entanto o Baidu Maps vai mais longe. A mesma pesquisa, pelo mesmo centro comercial nesta aplicação criada por uma multinacional chinesa permite, além de ter os mesmos elementos do Google Maps, acrescentar mais dados próximos das necessidades dos cidadãos. O centro comercial pesquisado é apresentado no mapa e é possível navegar dentro do próprio espaço, por níveis (pisos). Em cada piso é fornecido um plano detalhado da localização das lojas e em cada loja as ligações para o website ou para compras online. Se estiver registado no Baidu a aplicação assimila os hábitos de consumo e sugere lojas ou restaurantes de conveniência, dando-lhe descontos.

O avanço tecnológico da China está já a anos luz de muitas regiões ocidentais e a prova disso é já a dificuldade em efectuar pagamentos com dinheiro físico nas grande cidades pois o mesmo tende a desaparecer a tornar-se virtual. No final do ano passado tive a oportunidade de visitar uma área desconhecida da cidade de Cantão (Guangdong) na companhia de uma jovem família chinesa. Em todos os lugares onde estivemos os pagamentos foram efetuados via Alipay (www.alipay.com) ou via o módulo de pagamento do Wechat. Os táxis, as compras, as refeições e até o uso de máquinas automáticas de sumos de laranja (www.semochina.com) foram sempre pagos eletronicamente. Na única vez que ousei tentar pagar a refeição com dinheiro a empregada fez uma cara séria e disse em chinês (posteriormente traduzido) que se pagasse em dinheiro acrescia 20% para despesas de processamento. Nem mais. O dinheiro exige caixa para o armazenar e depois depositar no banco. Electronicamente é menos um custo associado.

Este é um pequeno texto de coisas eletrónicas quotidianas mas que permite depreender o quanto avançada está a China em termos tecnológicos. Podem e devem levantar-se outras questões. Autonomia, segurança, dependência electrónica, armazenamento de dados etc... A seu tempo as abordarei, mas para já fica uma pequena amostra da razão ou parte da probabilidade porque é que é que os EUA tanto temem o 5G da Huawei: Estão a perder a liderança do futuro!

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