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Gostava de saber…

..porque insistem no centralismo de Lisboa?

Gostava de saber…

..porque insistem no centralismo de Lisboa?

O alargamento/extensão do aeroporto de Lisboa para o Montijo é no mínimo burlesco. Não que este assunto seja uma piada fina, mas porque é uma burla aos cofres públicos e um atestado à ignorância dos portugueses.

Podem tratar-nos como ‘tontos’ mas não somos ‘tolos’ ao ponto de acreditar que hoje em dia só há esta solução para fazer face aos ‘apertos’ do aeroporto internacional Humberto Delgado.

Ainda está fresca a memória dos chavões utilizados pelos “velhos do Restelo” que contribuíram para que os projectos dos aeroportos da Ota e de Alcochete fossem colocados na gaveta como se fossem meros assuntos do passado. “Fica longe. Implica longos percursos. Não haverá tráfego suficiente. Não há passageiros nem turistas que permitam a rentabilidade, será mais um elefante branco.” Tudo falácias. Em ambos projectos foram gastos milhões de euros em estudos (viabilidade;geológico;geográficos; impacto ambiental; económicos; acessibilidades e outros) pagos pelo erário público e que parece terem desaparecido.

Não sou especialista em aviação nem em infra-estruturas aeroportuárias, não vou escrever detalhes técnicos ou especificidades que não domino. Prefiro colocar na opinião pública factos comuns que depreendo seguindo a máxima de Aldous Huxley “Viajar é descobrir o que sabemos de errado sobre outros países”. Desde que vivo na Ásia consigo ver Portugal como um país de turismo mas com anos de atraso relativamente ao que se passa no mundo. Basta só pensar no argumento distância: Alcochete era longe. Montijo é mais perto!

Lisboa deve ser a única capital que possui um aeroporto na baixa! É cómodo, simples, não serve às necessidades de crescimento de um país e é perigoso.

Mas não há ninguém dos últimos 4 governos que viaje pelo Mundo? Que veja e conheça a realidade de outras cidades referência?

Quanto tempo se leva do centro de Londres até Gatwick ou até Heathrow? E de Charles de Gaulle até ao centro de Paris? De Barajas até Madrid? E de Hong Kong até Central. Em todos estes exemplos mais de 60 minutos de carro. E pasme-se nestas cidades há alternativas de transporte público que encurtam o tempo entre as mesmas distâncias.

Mas há casos espalhados pelo mundo, facilmente reconhecíveis onde o aeroporto fica a mais de 60minutos de carro do centro das cidades, mas nem por isso deixam de ser capitais mundiais de turismo:

- Aeroporto de Phuket(Tailândia): desde o aeroporto até à cidade de Phuket demora-se cerca de 75 minutos de carro. Não há metro nem comboio como alternativa.

- Aeroporto de Bangkok serve mais de 81 milhões de passageiros está a cerca de 40 km do centro da cidade e há dias que nem duas horas chegam para fazer o trajecto de carro. O metro pode levar mais de 45 minutos.

-Aeroporto de Guangzhou Baiyun (China) o segundo maior da China, serve 30 milhões de passageiros por ano está a 38 kms do centro da cidade e com viatura própria pode demorar cerca de uma hora a chegar.

Por último, já que o paraíso de Boracay reabriu aos turistas, dou o exemplo de um dos dois aeroportos que serve esta ilha ( não tem aeroporto): Aeroporto de Kalibo (Boracay-Filipinas) serve cerca de três milhões de passageiros por ano fica a 90 minutos de Boracay (20 minutos dos quais de barco) e não estou a contabilizar tempos de espera pelo táxi ou pelo barco.

Estes exemplos podem não ser perfeitos, nem podem cientificamente ser comparáveis, mas servem para compreender que há, no mundo, capitais, cidades, países que possuem os seus aeroportos, de grande capacidade, afastados dos centros nevrálgicos, mas dotados de infra-estruturas capazes de satisfazer os clientes.

Fosse Portugal capaz de planear as suas estruturas vitais, por exemplo, com pactos de regime em áreas críticas, talvez Alcochete já estivesse pronto e não haveria esta burla com Montijo.

Por outro lado, com boa ferrovia, o aeroporto de Beja, podia, esse sim, ser complementar a Lisboa e a Faro. Mas isto sou eu a escrever e a pensar alto…

“A viagem pode ser uma das formas mais satisfatórias de introspecção.”

Lawrence Durrell

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