Florbela Espanca, uma poetisa alentejana de valor universal

Tiago Passão Salgueiro

Florbela nasceu em Vila Viçosa no ano de 1894. Eram tempos difíceis, que faziam adivinhar mudanças políticas, sociais e culturais. O ambiente que se vivia moldou o seu carácter e teve uma influência decisiva na produção artística desta mulher singular, que é uma hoje referência da literatura portuguesa.

Em 2014, tendo em conta uma memória que corre o risco de se perder, foram desenvolvidos esforços no sentido de avançar com a criação de uma Casa-Museu, no espaço da antiga residência da Família Espanca, numa artéria do centro histórico de Vila Viçosa, posteriormente designada como “Rua Florbela Espanca” em sua homenagem.

A primeira medida a ser implementada foi uma petição pública, amplamente divulgada pelas redes sociais, onde se pretende sensibilizar as entidades competentes para a criação deste espaço museológico, de modo a valorizar objetos e coleções com ligação ao universo florbeliano.

Paralelamente, teve início um projeto que ainda hoje decorre, com base no levantamento de fotografias, objetos pessoais, pinturas, livros e publicações relacionados com a herança deixada pela Poetisa e pela sua Família. Este acervo, que está a ser inventariado, pretende servir de base científica para a criação do programa museológico e inclui uma descrição pormenorizada de todos esses bens, integrados em coleções públicas ou privadas. Também se tem chamado a atenção para o risco que afeta alguns dos objetos relevantes, muitas vezes esquecidos e votados ao abandono.

A medida prioritária consiste na aquisição do imóvel já referido, para a instalação da Casa-Museu, de modo a permitir a implementação de medidas de valorização e divulgação do espólio florbeliano, assegurando as necessárias regras de conservação desse conjunto de bens. Foi inscrito um projeto neste sentido, no âmbito do Orçamento Participativo de Portugal em 2018, que infelizmente não teve o acolhimento necessário por parte da opinião pública. Não foram atingidos os objetivos propostos, que passavam pela hipótese de financiamento do edifício.