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Cartas de Amor

Saber encontrar a alegria na alegria dos outros,

é o segredo da felicidade.


Gostava de a ver bonita, adorava vê-la trocar de roupa, escolher as peças que melhor lhe ficavam, gostava de ver a forma descontraída com que olhava as etiquetas:

- Sabes Rita, é um momento feliz aquele em que percorremos as lojas mais bonitas da cidade.

A Rita de lábios escarlate ouvia com atenção e sorria: - Sinto-me importante por dar a minha opinião, e nem a sensação de estar a mais na loja das senhoras me tira a boa disposição:

- Sabes David e o bom desses momentos de devaneio do entra e sai das lojas é o saber aproveita-los sem pensar que nem o facto de por ventura nos estarmos a enganar nos tira a felicidade. Ele fico feliz, porque sabe que ela gosta do que vai comprar, e ela fica feliz porque sabe que ele gosto do que ela comprou, estranha felicidade esta, a dos enganos. Ele engana-se, sentindo-me feliz por ela, só por ela. Ela engana-se a si, porque sabe que é feliz por si, só por si. Desta forma, como a felicidade não é ímpar, vão enganando os outros que não os conhecem e os olham com a inveja de quem está na presença de um casal feliz. Ele sabe quando e onde ela vai usar aquela saia preta e a blusa azul que comprou, tem a certeza que cheirará aquele perfume maravilhoso, mas provavelmente nunca a veria vestir aquelas meias de costura atrás, e possivelmente nunca a verá com elas. Pensa que só tem dela o que não se vê, aquilo que não pode ser guardado: - David, o que atrai as pessoas por muito que discordes é o cheiro, a química como alguns dizem. O sonho como tu me queres fazer, não existe nas relações, mas isso sou eu a dizer eu que sou mais real que sonhadora.

Eram assim os dias na cidade grande entre a felicidade extrema e o silêncio que como diziam ao adormecerem nos braços um do outro era o cimento que os fazia unos.

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