top of page

Cartas de Amor

Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu. E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei.


São de encontros os desencontros que eles se proporcionavam. Estranhos encontros combinado quase por acaso ou simplesmente deixavam ao acaso que marcasse por acaso os seus encontros.

Diziam a rir que era para não caírem na monotonia dos restantes casais que tinham dos encontros fortuitos uma imagem tão longínqua, que raramente se lembravam do primeiro beijo.

Quase todos os casais se beijam pela primeira vez no cinema, comentava o David enquanto pegava na mão da Rita:

- Não foste desajeito no beijo, respondia ela ao mesmo tempo que levava os seu dedos a tocar nos lábios dele.

Os beijos no cinema têm um sabor especial e passaram de moda:

- Já ninguém se beija no cinema, aliás Rita, já poucos se atrevem a beijar na rua.

- Só os mais novos, os adolescentes, os que não têm vergonha de beijar e mostrar que sabem beijar.

Com o tempo os beijos deixam de ter o significado de no toque dos lábios dizer-se o que vai na alma e no corpo:

- Sabes, hoje a intimidade intimida tanto que todos se escondem para dizer o que todos querem e sentem....desejo.

- Tens medo do desejo perguntou a Rita enquanto desabotoava o botão de cima da camisa azul do David.

O que é o desejo senão a vontade de mostrar a entrega ao outro daquilo que é mais preciso o desejo de dar:

- Quando é que tu me desejas?

- Desejo-te de cada vez que te fizer sorrir.

Aproximaram os lábios, aconchegaram-se nas cadeiras, deram as mãos e segredaram a rir “ no cinema só é proibido ter o telemóvel ligado”.


Comentarios


bottom of page