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Cartas de Amor

Sinónimo de amor é amar

José Ramalho



Os carros passam depressa na avenida, o cartaz anuncia um filme com Juliette Binoche: - Gostava de o ver contigo.

Havemos de o ver! diz a Rita a rir.

Caminham lado a lado de uma forma descontraída, de vez em quando a Rita puxa-lhe o braço para mostrar qualquer coisa que ele não vê, uma estátua, uma rua mais estreita, uma mulher mais interessante em sinal de provocação, por fim junto à estátua de Cesário Verde, sentam-se tranquilamente, e ali, perante o poeta deixam-se invadir pela imaginação.

Vou ali e já venho, diz David, agora também ele a entrar na alegria da provocação Corro em direcção a um canteiro de flores, escolho a mais bonita e selvagem e arranca-a.

Toma é para ti, "tu és tonto", diz a Rita. O seu sorriso é agora mais solto mais natural, isso agrada-lhe, "sou sempre assim tu é que não notas”.

As flores deviam, estar à mão de todos, elas mesmo quando arrancadas continuam a viver, é só preciso regalas, duram muito tempo, e enquanto duram são bonitas e fazem companhia. Um dia gostaria de correr num campo cheio de flores só para sentir a sua linguagem, elas nunca estão tristes, transmitem sempre uma mensagem de esperança. E as cores, que lindas são quando estão fora das floristas, e os perfumes, que bonito seria o mundo cheio de flores.". Era um mundo de silêncio ", muitas vezes o silêncio diz tudo, disse a Rita, colocando de repente o ar sério.

Rita leva-me para longe, por favor, faz com que me esqueça de mim um minuto que seja, por favor. Levantaram-se, seguiram pela rua entre os carros sem olhar para trás, o David apertava a flor com quanta força tinha até doer. As folhas iam caindo no chão.

A Rita deixou-se ficar para trás e sem que o David se apercebesse apanhou uma... para mais tarde recordar.

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