Cartas de Amor
- Francisco Gs Simões
- 8 de jul. de 2019
- 1 min de leitura
O acaso é, talvez, o pseudónimo que Deus usa
quando não quer assinar suas obras.

Naquele dia a Rita estava ainda menos atenta ao que se passava à sua volta, apenas os jacarandás lhe faziam alterar a sua expressão facial, olhando maioritariamente para o chão a Rita escondida atrás dos seus óculos escuros, caminhava militarmente de mala na mão num dos seus raros momentos em que pensava rigorosamente em nada. A torre de Belém estava agora mesmo ali à sua frente, o telemóvel vibrou pela vigésima vez, meteu a mão na mala retirou-o e rejeitou outra vez a chamada. Os telemóveis têm destas coisas, é possível repetir e repetir imaginando sempre que há algo que impeça a outra pessoa de atender, raramente pensamos que não queremos ser ouvidos. O acaso fê-lo chegar até ela. Sempre o acaso a pregar-lhes a partida de se encontrarem. Depois do olá tradicional e do piropo habitual a que ela dava tanta importância como a que dava aos dos homens da construção, caminharam em silêncio a meia centena de metros que distava entre o local do encontro e o do adeus. Muitas vezes perguntavam-se, porque seguiam juntos aqueles metros e porque se aproximavam um dos outros pois quando o David mudava estrategicamente para o outro lado da rua a Rita de forma automática fazia o mesmo.(continua...)
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