Cartas de Amor
- Francisco Gs Simões
- 4 de fev. de 2019
- 2 min de leitura

Edelweiss
Todas manhãs me cumprimentas
Pequena e Branca
Clara e Brilhante
pareces feliz por me encontrar
“Musica no coração”
Gostavam de brincar às prendas. A vida profissional fazia-os estar ausentes um do outro, tão ausentes que nunca se separavam. Procuravam nas coisas simples que encontravam ao acaso em qualquer lugar do mundo cosmopolita ou indígena uma peça, um momento, uma musica, um filme um artefacto tão simples que por vezes, tempo depois, tinham de fazer um esforço enorme para se lembrar o momento e o local em que se tinham amado através daquele objeto.
Aproveitavam os frascos de shampoo dos hotéis para encher de areia fina apanhada num fim de tarde encantador em que caminhando livremente sobre nem davam conta quer o velho hotel em forma de navio ia ficando longe...muito longe.
Por vezes no regresso, no encontro fortuito programado ou combinado pelo acaso trocavam as prendas ou a prenda, porque havia sempre um se esquecia de a trazer ou puro e simplesmente queria guarda-la para si para recordar aquele momento em que sozinho tinham namorado num velho banco da estação de metro soturna e triste da grande cidade.
Viam os outros, trocarem anéis, flores perfumes e até promessas. Olhavam com curiosidade para a etiqueta Harvey Nichols loja londrina que é uma alternativa à vizinha Harrods, otima para “bolsas mais pequenas” mas que mesmo assim tem artigos de todas as griffes famosas.
“Fica na esquina de Knightsbridge com Sloane Square, a 3 minutos a pé da estação de metro Knightsbridge” dizia orgulhosa a Helena ao mesmo tempo que olhava orgulhosa para o Carlos.
Nessa altura o David lembrava-se e puxando a Rita para o canto da sala dizia-lhe ao ouvido “vamos pirar-nos tenho uma coisa para ti”.
Saíam sem que ninguém notasse ou então nem ligavam, esta era a sua imagem de marca sair de “mansinho” para um lugar só deles.
Procuravam o primeiro café que encontravam e depois de risos e toques tiravam do bolso a prenda que só tinha significado para eles:
- Toma trouxe dos Alpes no inverno passado, já está meio seca, mas é resistente, arranquei do meio da neve para ti, é uma flor como tu.
“Ohhhh que querido” respondia a Rita também tenho uma coisa para ti que trouxe do Mónaco no verão passado, para a próxima trago.
No móvel do quarto que cada um tinha, igual porque comprado no mesmo dia no mesmo local, amontoavam-se presentes, momentos em que tinham estado juntos, momentos de....namoro.
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