Cartas de Amor
- Francisco Gs Simões
- 11 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
Sou o intervalo entre o meu desejo
e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim.

Era sempre assim as zangas. Não sabiam muito bem quando e porquê, mas de vez em quando uma pausa na relação estranha que mantinham acontecia.
Umas vezes por falta de dialogo, outras por dialogo a mais o que normalmente acontecia era um afastamento tumultuoso numa relação numa vida tranquila que mantinham sem exigências nem cobranças sem perguntas só esperando o momento oportuno para falarem horas e horas sobre assuntos que para os outros eram banais:
- Quando te diriges a mim, só falas de desejo...não me quero sentir objeto de desejo de homem nenhum.
- Não te vejo como objeto e o desejo é algo tão natural que não é objectivo é o respirar o ar que temos aos nosso dispor sem eu ficar com o teu ou tu ficares com o meu, não me confundas com o teu passado.
Nunca as provocações provocavam ruturas entre a Rita e o David, nunca se afastavam por brigas, diferenças de opinião ou mesmo pequenos laivos de ciúmes que rapidamente arrumavam ao canto para se voltarem um para o outro e fecharem-se no seu mundo.
Talvez para regressarem ao seu mundo mais solitário faziam pausas, uma afastamento aceite e doloroso, porque nesse tempo que mediava a ida e o regresso, as noites pareciam longas e os dias demasiado compridos para ocupar o pensamento somente com o momento do reencontro.
Sabiam sempre que era temporário o afastamento só não sabiam quando aconteceria e como aconteceria o retorno, quando os sorrisos se iriam encontrar e quando as conversas sobre coisas banias iriam de novo ocupar as noites em que mesmo longe estariam sempre juntos.
Um dia não haverá retorno, disse uma vez o David.
Tenho a certeza que isso nunca vai acontecer disse sorrindo a Rita.
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