Cartas de Amor
- Francisco Gs Simões
- 15 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
No momento em que paramos a pensar se gostamos de alguém,
já deixámos de gostar dessa pessoa para sempre..

Gosto de ti tal qual como és, com todos os defeitos e imperfeições inerentes à tua condição de ser humano. Não pretendo mudar nada, está bem assim, porque foi assim desse teu jeito tão teu que te conheci e aprendi a gostar. Mudar alguma coisa em ti seria negar o que me fez aproximar, seria gostar de uma outra pessoa que não tu, mas aquela que eu idealizaria como sendo a mais perfeita para gostar. Mas, quando te olhei pela primeira vez não te vi a ti, vi algo que me agradou e é essa a imagem que mantenho desde então, sempre e a toda a hora e sabes, gosto. Por essa razão não quero que mudes e se mudares que mudes porque queres, não para agradares, mas para seres ainda mais tu, porque só há uma pessoa que vai estar sempre contigo e essa pessoa és tu. A única pessoa que devemos dizer que amamos, naquele sentido de posse, é a nós próprios. O dia em que deixarmos de nos amar, deixamos de ter a certeza do que estamos aqui a fazer, deixamos de ter a certeza que poderemos gostar dos outros não por nós, mas por eles. Quero que te ames acima de tudo e de todos e não tenho a pretensão de ser o primeiro da fila, porque gosto de ti tal como és e seja perto ou longe, nada mas nada vai fazer aumentar o nível de “gostusura”. Este gostar é de certeza insuficiente para me levar ao primeiro lugar, também não sei se queria vencer, pois era sinal que a corrida tinha acabado, o bom mesmo é o caminho, o caminho que nos leva até ao primeiro lugar, o caminho que não nos faz desistir. Quando dizemos venci, passa a ficar tudo na memória ou numa medalha que se guarda numa caixa, para de vez em quando irmos rever e mostrar a nossa vitória. Não, gostar não é ser o primeiro, o vencedor. Gostar é querer ser o primeiro, querer sempre sem nunca saber se será. É por isso que não quero que mudes que não quero que te transformes em algo que não sejas tu. A corrida continua. Dobrou a folha em quatro partes rasgou-a em mil pedaços, deixou na mesa o dinheiro do café, levantou-se e foi embora e nem reparou que brisa que soprava fez esvoaçar os pedacitos de papel que se espalharam pelo chão.
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