A Globalização
- Francisco Gs Simões
- 1 de jul. de 2019
- 3 min de leitura
A Globalização está presente no nosso quotidiano. Não há produto bem ou serviço que de um modo ou de outro esteja agora perto do consumidor e que lhe seja acessível, numa sociedade global, nas pontas dos dedos. Aliás, a globalização, visa aproximar sociedades, nações, povos, culturas, hábitos de consumo e fundamentalmente mercados.
Economicamente os países estão, mais do que nunca, dependentes de tendências. As modas potenciam mercados. Tentar obter resultados ou dividendos à custa de novos nichos, nomeadamente nas novas tendências aplicar taxas pelo seu uso pode resultar em retracções da popularidade institucional das marcas, bem como pode levar à perda de clientes.
Isto a propósito de duas noticias antagónicas divulgadas recentemente nos mercados financeiros internacionais.
Se por um lado em Portugal alguns bancos ( mais do que seria desejável) começaram aplicar taxas de transacções em aplicações electrónicas (https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca---financas/detalhe/bcp-comeca-a-cobrar-mbway-na-segunda-feira) em Hong Kong, um dos principais bancos mundiais (HSBC -Hong Kong and Shanghai Banking Corporation, sediado em Londres e sétimo no ranking mundial de bancos) decidiu cortar as taxas de transacções diárias e electrónicas devido ao advento das aplicações electrónicas e aparecimento dos bancos virtuais (https://sg.news.yahoo.com/hsbc-scraps-minimum-balance-fee-071642740.html).
Recentemente a Região Administrativa Especial de Hong Kong autorizou a criação de entidades bancárias 100% virtuais. Os bancos não possuem balcões físicos, todas as operações são online e os custos processuais das operações bancárias foram drasticamente reduzidos porque a máquina mais pesada ( imobiliário temporário, lojas, balcões) deixou de existir.(https://www.scmp.com/business/companies/article/3003496/hong-kong-hands-out-virtual-bank-licences-city-catches-china).
Ou seja, numa sociedade financeira e global a deslocação a escritórios ou a balcões bancários deixa de fazer sentido (tempo é dinheiro). Valoriza-se a criação de operações interbancárias digitais sem custos acrescidos para o utilizador (todas elas, por norma, já existem mas os bancos continuam a considerá-las custos operacionais). Nada de novo para os bancos portugueses porque estas inovações reduzem custos, mas há que procurar mais fontes de receitas. É neste 'por' maior" que há um contra-ciclo dos bancos portugueses quando os colocamos lado a lado com as decisões de outros bancos.
A decisão do Hong Kong and Shanghai Banking Corporation ( HSBC), banco com sede em Londres e instituições em mais de 60 países, em eliminar as taxas a mais de 3 milhões de actuais clientes e isentar os novos clientes, dá um forte e exemplar sinal ao mercado e obriga todos os outros concorrentes a adaptarem-se. O HSBC não foca a sua acção nos lucros imediatos e nas vantagens momentâneas das operações electrónicas, acrescenta valor ao seu principal activo que são os clientes.
Qual será a reacção de um cliente que vê reduzido o seu encargo mensal de HK$50 (EuR5.67) nas contas caderneta ou com saldo inferior a HK$5.000 (EUR567) porque o seu banco não o quer prejudicar com as operações electrónicas? O cliente mantém ou reforça a relação com o banco.
Os bancos portugueses ao penalizarem com taxas absurdas os clientes pelo uso de aplicações electrónicas, que só os beneficiam e ao criarem aplicações próprias estão, por um lado, a criar ruído tecnológico e a querer inventar 'rodas' diferentes para um veículo financeiro já avançado ( Alipay / PayPal são bons exemplos) e, por outro lado, estão a criar antipatia de clientes que viram defraudada a sua confiança num produto que pensavam ser honesto ( A MBWAY foi criada pela SIBS - sociedade dos próprios bancos).
Ou seja, os clientes desistem e procuram outras soluções. É isto que a Banca portuguesa quer?
Não é com vinagre que se apanham moscas!
Comentários